Difícil encontrar no death metal alguma banda que não seja extremamente cuidadosa com a parte visual – e o agora quinteto californiano Cattle Decapitation é uma das que se mostram mais obsessivas em relação à arte de seus álbuns, com algumas das capas mais incríveis já concebidas dentro do estilo. Imagine então algo tão visualmente formidável estampado em um disco de vinil… Não imagine mais: a Metal Blade irá relançar no formato, dois dos últimos álbuns do conjunto, “Monolith of Inhumanity”, de 2012, e “The Antropocenic Extinction”, de 2015. E não será uma reedição qualquer – cada um dos títulos terá seis diferentes acabamentos (o tradicional preto, red splatter/branco, dourado/prata, entre outros), prensados em cópias limitadíssimas e com itens de merchandising avulsos, como camisetas e bonés, também à disposição. Se o seu negócio é um som duríssimo, porém lúcido e coerente, e ainda por cima prensado em LP, confira clicando aqui tudo o que está em pré-venda, com chegada prevista para dia 21 de agosto.
Cattle Decapitation, representante da terceira geração do death metal norte-americano, é, já há um par de décadas, um dos nomes mais singulares do estilo. Seu vocalista/líder Travis Ryan é um ativo propagador da causa vegan, mas nunca utilizou a banda para mero proselitismo: seu talento é justamente o de subverter a militância em prol da alegoria. Ele sabe transformar em ‘gore’ o que seria considerado pregação, e assim não só insere as letras da banda em um universo familiar ao gênero musical que executa, como também mantém intacta a reflexão sobre a natureza humana que busca através delas. Sua voz abrange praticamente todas as possibilidades de registro para um cantor de som extremo, o que faz do sujeito ao mesmo tempo um compositor acima da média e um dos principais frontmans do death atual (e já que acima citamos a preocupação com o grafismo, é ele quem cuida da direção visual de tudo que envolve o Cattle Decapitation). O grupo também evita lançar material indiscriminadamente: nessa década foram apenas três álbuns, os dois aqui abordados, e “Death Atlas“, do ano passado.
Sobre os registros em si: Monolith… é incrivelmente técnico e variado, mas obtém a partir daí uma brutalidade comparável aos passos inicias do grupo, com as letras de Ryan mais agressivas do que nunca – “Gristle Licker” e “Do Not Ressucitate” são o death metal moderno em sua plenitude, e deixam bandas como Dying Fetus comendo nuvens de poeira. “Anthropocentric…” ainda esbanja habilidade instrumental (o trabalho fora de série do baixista Derek Engemann é o destaque), porém se mostra menos frenético que seu antecessor, talvez um pouco mais desencantado e sombrio, com o amargor das palavras de Travis ditando o tom de petardos como “Plagueborne”, “Mutual Assured Destruction” e da melancólica semi-acústica “Ave Exitium”, número que carrega em si o clima de todo o disco. Trabalhos maiores, em suma, e que agora receberão tratamento à altura de sua qualidade.
Confira abaixo, na íntegra, os álbuns que serão relançados: