Quarenta e quatro anos! Eis o período de espera por novidades do Casa das Máquinas. Todo esse tempo em silêncio nos provou que o grupo é mais do que necessário: a classe e a categoria que sempre esbanjaram, seja no progressivo, na psicodelia ou no rock’n’roll puro e simples, é parte do legado artístico desse país, assim como incentivador fundamental para o desenvolvimento de sonoridades mais intrincadas dentro do nosso cenário rockeiro (e também fora dele, como por exemplo a produção de shows mais sofisticados). E a felicidade torna-se ainda maior por saber que ainda há gás, que os três álbuns de estúdio que o conjunto paulistano gravou nos anos 70 não serão seu epitáfio, que o retorno se efetivou enxergando um futuro, justamente em uma época que clama por verdadeira relevância e tão pobre em aventuras musicais.
Três músicas foram liberadas até o momento: “A Rua”, “Brilho Nos Olhos” (também nome do álbum), e agora “Tão Down”, postada no YouTube nesse último fim de semana. Rock’n’roll setentista feito em 2020, e com solos de guitarra/teclado que remetem à complexidade progressiva, o tema preserva as características básicas do Casa das Máquinas, assim como a faixa-título, um experimento psicodélico misturado a um arranjo de sabor AOR (com citação nominal a “Lar de Maravilhas”, segundo álbum do grupo e evidente referência para a feitura da canção), e “A Rua”, com marcação firme de contrabaixo e clima meio “deepurpleriano”, além de letra mais “pé-no-chão” em seu ponto de vista social/existencial. Todas compostas com participação de ex-membros do conjunto, como os guitarristas Marcelo Schevano e José Aroldo Binda, o que ajuda a manter tudo em casa – com o perdão do trocadilho…
Formado em 1973 como uma derivação d’Os Incríveis e com fim oficial decretado em 1978, o Casa das Máquinas está de volta à estrada desde 2007 (primeiro de forma mais espaçada; a partir de 2010, de maneira definitiva). Atualmente a banda é composta por Ivan Gonçalves nos vocais, Cadu Moreira na guitarra, Geraldo Vieira no baixo, e os remanescentes setentistas Mário Testoni Júnior (teclado e vocais) e Mário Franco Thomaz (bateria e voz). “Brilho nos Olhos” ainda não tem data oficial anunciada, mas está previsto para até o final desse ano via Monstro Discos.
Confira abaixo os singles “A Rua”, “Brilho nos Olhos” e “Tão Down”:
Excelente matéria e leitura de toda a produção. Fico muito feliz tanto ao participar e produzir com essa fantástica banda quanto ao ver matérias com esse respeito e conhecimento.
Abraço a todos
Nós é que ficamos agradecidos e felizes por esse retorno.