O incomparável cantor, compositor e guitarrista Charles Allen Ragan, aka Chuck Ragan, iniciou sua carreira no hardcore, como frontman do Hot Water Music no ano de 1993. Sem dúvida alguma a minha banda de cabeceira, responsável por hinos que tive o prazer inenarrável de entoar após longos anos de espera no primeiro show da banda no Brasil em dezembro de 2017. Vale lembrar que antes disso, no ano de 2013, o lubridiante Wros Festival, que anunciava a primeira aparição do Hot Water Music em terras brasileiras, foi responsável por um dos maiores calotes já vistos por aqui, e nem é necessário dizer que eu fui um dos fãs que até hoje não recebeu o devido ressarcimento.
Com a vinda do HWM em 2017, próximo a data do show, anunciaram também um show solo de Chuck Ragan no Hangar 110. Talvez esse fosse ainda mais esperado por este editor, e mesmo nunca antes anunciado, a esperança de um show de sua carreira solo era eminente. Uma tacada certeira, fechou aquele ano como um dos melhores musicalmente falando. A dobradinha de shows Hot Water Music / Chuck Ragan Solo se repetiria em maio de 2019, durante a turnê de 25 anos da banda pelo Brasil.
DO HARDCORE AO FOLK COUNTRY
Chuck Ragan deu o pontapé inicial na vertente Folk Country através do projeto paralelo Rumbleseat, formado em parceria com ex-vocalista/guitarrista do Hot Water Music Chris Wollard e a vocalista Samantha Jones. O único full álbum lançado por esse projeto foi o disco “Rumbleseat is Dead“, no ano de 2005.
Em sua carreira solo, Chuck Ragan lançou 4 álbuns de estúdio: “Feast or Famine” 2007, “Gold Country” 2009, “Covering Ground” 2011 e “Till Midnight” de 2014, além de álbuns ao vivo e compilações. O segundo álbum solo, “Gold Country“, um dos vinis visualmente mais bonitos da minha coleção, é o destaque da coluna Meus Discos de hoje.
O Lado A do disco inicia-se com a música “For Goodness Sake” – uma balada que começa com violão e voz e que fica mais intensa com a entrada da bateria, dos vocais e backing vocals e violino, abordando temas como amor, família e Deus. Na sequência “Glory” – Com forte influência de música celta, conta com a participação da familia Anderson (integrantes da banda folclórica/bluegrass Anderson Family Bluegrass) Paige Anderson, Aimme Anderson e e Daisy Anderson nos backing vocals e Ethan Anderson no bandolim, a canção fala sobre a dor de um rompimento amoroso.
“Rotterdam“, terceira música do disco, descreve com detalhes um passeio de trem pela cidade da Holanda, também uma balada acústica, somente violão e vocal no início, se unem a perfeição do violino de Jon Gaunt e contra baixo marcante de Digger Barnes. A bateria de George Rebelo (Hot Water Music) aparece no finalzinho da música, dando um toque especial. “Done and Done“, candidata a melhor música do disco, segue a mesma linha da anterior com o trio de violão, violino e contra baixo trabalhando com perfeição, a mensagem de que está feito, está feito, deixar tudo pra trás e seguindo em frente.
“The Trench” tem como influência o estilo country/rock americano mais clássico e conta com backing vocal do igualmente talentoso Austin Lucas. “Don´t Say a Word” (faixa que fecha o lado A do disco) é uma balada country e tem o lap steel guitar como instrumento marcante, além de solos de bandolim que que se encaixam perfeitamente a vocal de Chuck Ragan, abordando o tema superação.
Abrindo o Lado B do disco, “10 West” fala sobre estar viajando, principalmente nas estradas da California. Violão e violino trabalham de forma perfeita, unidos ao backing vocal de Jayme Hardy. “Ole Diesel“, já num ritmo mais lento, tem como tema a solidão, acompanhada de piano, violão e violino.
Amor, verdades e mentiras aparecem em “Cut em Down“, novamente com George Rebelo na bateria. “Let it Rain” vem na sequência, cuidando da pessoa amada, mais uma vez com backing vocal de Austin Lucas. Shows, estrada e turnês, são temas que aparecem em “Good Enough for Rock and Roll“, ao som do legítimo country americano.
“Get em All Home” fecha este maravilhoso disco, num duo entre Chuck Ragan e Austin Lucas. Um álbum que está entre os top 10 na minha opinião. Um disco feito por quem entende a fundo de música, com músicos competentes e de qualidade, que deram origem a um disco completo, único e surpreendente.
Confira na íntegra, “Gold Country”, de Chuck Ragan clicando aqui via Youtube ou através do Spotify logo abaixo:
Pra fechar essa matéria, a produtora finlandesa Minni Moody registrou a passagem de Chuck Ragan pelo Brasil através de um mini.doc que pode ser conferido logo abaixo: