O ano de 1986 foi fundamental para a real consolidação do rock brasileiro, e isso em todos os quesitos imagináveis: profissionalização de bandas, desenvolvimento de estúdios e técnicas de produção, criação de massivos aparatos de divulgação em TV, rádios e veículos de mídia, sofisticação das apresentações ao vivo, criação e manutenção de um público consumidor cativo, ávido e exigente… Mas o legado dessa geração de forma alguma se tornaria tão sólido se não acompanhasse uma explosão sem par de originalidade, ousadia e irreverência também (principalmente?) na parte musical – o punk de Ramones e Sex Pistols e o pós-punk que tomava o mundo de assalto, new wave/technopop com sabor inglês, Smiths, reggae/ska “Policeano”, rescaldos tropicalistas, peculiaridades regionais, tudo isso foi arremessado em um mesmo caldeirão e fermentou uma movimentação revolucionária, com a potência estética que definiu imageticamente os anos 80 para todo o sempre, e temperada com o inconformismo natural de quem passou anos sob o jugo da censura federal e que agora tinha sede de criar e ser, enfim, ouvido.
Dentre os tantos polos irradiadores de nomes marcantes (São Paulo com Ira!, Titãs e Ultraje a Rigor, Rio de Janeiro com a Blitz, Barão Vermelho e Kid Abelha, entre tantos outros), uma cidade ficou eternizada como a Meca do nosso rock oitentista: Brasília. O centro político do país possuía juventude combativa e cosmopolita; quem montava uma banda na capital brasileira tinha ânsia de expressar seu inconformismo e de, ao mesmo tempo, canalizar as diversas influências musicais que recebiam de várias partes do planeta, seja via rádio, correio ou vinis comprados em viagens diplomáticas. A Plebe Rude, formada em 1981, é o mais obstinadamente engajado dos conjuntos locais, e também o que se aferrou com maior fidelidade ao som de acento londrino – e esse equilibradíssimo balanço entre contestação e viabilidade mainstream sempre foi o segredo maior do quarteto; essa capacidade de representar o tempo que vivia de forma tão literal, na música e na temática, e simultaneamente moldá-lo de maneira tão particular e inventiva a ponto de tornar-se parte determinante na lapidação de sua iconografia geral. Ou seja: a Plebe é a cara dos anos 80, e os anos 80 são a cara da Plebe!
É deles o principal mini-LP da história do nosso pop, “O Concreto Já Rachou”, coleção de sete músicas que aniversariou dia 11 de fevereiro último (35 anos de vida!) e que permanece nosso mais influente registro pós-punk, perene por conta de sua inalienável energia, audacioso por infiltrar o puro underground de casas como Madame Satã, Ácido Plástico e Napalm na programação comercial de Transamérica e Rede Globo, transgressor por rosnar contra o sistema dentro do próprio sistema.
A coluna Mopho dessa semana separou as sete canções de “O Concreto Já Rachou” em momentos diferentes, seja nos próprios anos 80, seja em outras épocas. Confira!
Rendição impecável a “Até Quando Esperar”, ao vivo na praia carioca de São Conrado, em especial da TV Globo:
“Proteção”, o mais melódico tema do álbum, recebe versão com generosa participação da plateia na TV Manchete, em 1987 – e sua mensagem anti-repressiva ganha um poderoso eco:
Mais uma na TV Manchete, sem playback: dessa feita, “Johnny Vai À Guerra (outra Vez)”, já em 1989 – e nele temos a formação clássica, com Phillipe Seabra, Jander Bilaphra, André X e Gutje Woortman:
“Minha Renda” em versão demo, com ligeiras alterações na letra (e ainda sem a participação de Herbert Vianna):
Já que falamos dele, Herbert manda sua versão de “Sexo e Karatê”, junto ao próprio Jander Bilaphra, para um CD especial de celebração ao BRock encartado em edição da revista Showbizz nos anos 90:
Áudio de “Seu Jogo” ao vivo em 1985:
Que tal “Brasília” ao vivo, digamos, na própria Brasília? Agora com Clemente Nascimento dos Inocentes nas vozes, efetivado na Plebe desde 2004:
Plebe Rude é a melhor Banda do Rock Brasileiro!! Viva a Plebe!
Proteção, Minha Renda, Até quando esperar e Brasília são hours concours, mas minha favorita deste mini EP é Mentiras por Enquanto.
Este mini EP é forte, poderoso e atual até hoje!!!
Plebe Rude, curtia muito e continuo curtindo até hoje ! ! !
Parabéns ao meu mestre Alexandre Bury pela excelente matéria e Plebe sensacional ! ! !
A plebe foi a banda q marcou muitas vidas de gente q curtia rock nacional…
Plebe Rude é uma das bandas que influenciou várias gerações, continua atuante com um trabalho de qualidade e respeitado por todos aqueles que curtem o autêntico rock brasileiro.