Estreia do nosso mais novo colaborador, Cadu “Turco” Pinheiro, trazendo um bate papo com dois integrantes do Tourdelanave, um dos nomes mais promissores da nova cena Underground do ABC.
À época do lançamento de seu primeiro álbum, intitulado “Solo Lunar“, escrevi uma resenha sobre a banda dizendo que eles eram os filhos de um relacionamento entre Sade e Johnny Marr, uma vez que a banda mesclava o Indie das pistas Undergrounds dos anos 90 ao Swing dançante e Groovado, conduzidos pela bela e cativante voz de Natalia Zanellato.
Esqueci na data de dizer que esse filho passava as tardes brincando na casa do titio Giorgio Moroder pelas referências musicais a seus teclados cósmicos.
Hoje, dois anos após o lançamento do álbum, através do Monophono pude entrevistar Perito Perez e H.C Alves, baixista e batera respectivamente da banda, e bater um papo agradável sobre referências, shows, pandemia e futuro.
Monophono: Uma pergunta batida, mas que sempre faz parte do “protocolo”: Como foi a formação da banda até a concepção do disco?
Perito Perez: Depois do fim do Tropical Tornado (extinta banda do ABC) eu ainda tinha muitas composições nessa linha mais dançante que queria usar, então chamei o H.C. para tocar as baterias, e o Japa (Denilson Takeda) na guitarra pra fazermos bases e algumas gravações, mas mais na onda da brincadeira e experiência mesmo. Eu tinha comprado um teclado e o Japa desenrolou mais nele. As composições começaram a ficar mais “sólidas” e então convidei o Alan Toledo para as guitarras e a Naty com os quais já havia tocado anteriormente e assim nasceu o Tourdelanave.
Monophono: E aí com as músicas já feitas, foi partir para o estúdio. Como foi a gravação?
H.C. Alves: Foi bem tranquila. A produção contou com o Cassiano (Iré) e o Du – Edu Zambetti (Sapo Banjo, 93 Foundation, Slush Gods) que já conheciam bem tanto a banda quanto a gente, tudo rolou de forma bem rápida e fácil (na medida do possível) risos.
Monophono: E como foi (está sendo) a recepção do disco? Percebo que dentro do ABC vocês já tem uma base forte e sólida de fãs.
Perito Perez: Tem sido boa. É um pouco complicado de mensurar as coisas hoje, são “views” e “streaming” via YouTube e Spotify, diferente do tempo de vender Fita Demo e CD, mas sim, tem sido legal. Viajamos ao interior algumas vezes… Às vezes bons públicos, às vezes duas pessoas, mas sempre buscamos fazer o melhor show possível.
Monophono: Vocês têm um histórico de bandas de Hardcore e vêm de uma escola Punk Rock do ABC. De onde surgiu essa “verve” dançante?
H.C. Alves: Sim. Ainda que tenhamos tido início em produzir música na escola Punk, essa veia dançante vem meio que de nosso gene. Quando a Esquesito Somos nasceu (extinta banda de Skacore do ABC, onde H.C. era vocalista) ela tinha a ideia de ser um R.H.C.P, mas pela falta de habilidade dos músicos na época, caiu pro Hardcore, e ademais essa influência Dance vem desde o berço, com os discos de Michael Jackson, Sade e Antena 1 na rádio… Influências que estão no nosso sangue de maneira imperceptível.
Monophono: Vocês estavam vivendo um bom momento de divulgação e shows e aí Bum! Veio a Pandemia… Como e o quanto isso afetou a banda?
Perito Perez: Afetou muito, não só a banda como toda a cena. A nós afetou bastante na parte de composição para um novo disco ou single. Nossa forma de compor ainda é bem conjunta e os ensaios pararam, mas afetou principalmente as casas de shows como 74Club, Casamarela, Hotel Bar, essas casas que dão suporte ao Underground.
Monophono: Por falar em casas e Underground: Quais são suas previsões para a cena pós fim da Pandemia? Haverá um Bum! novo ou tudo volta como antes? A velha falta de incentivo ao independente?
H.C. Alves: Penso que no início haverá sim um Bum! Estamos a muito tempo confinados e assim que for possível, todo mundo vai querer sair e se encontrar com os amigos para curtir. Isso trará movimento às casas.
Perito Perez: Mas é complicado prever quanto tempo esse Bum! irá durar e se vai se solidificar. O público brasileiro ainda é muito arredio ao Underground, mas seguimos tocando por prazer, porque se fosse por fama e por grana seria difícil (risos).
Monophono: Para finalizar: O que podemos esperar de novo vindo da banda?
Perito Perez: O nosso desafio agora é criar novas músicas que mantenham a cara da banda, mas sempre inovando. Talvez a adição de mais um teclado ou de metais sejam vistas nas novas músicas e num segundo disco que certamente virá.