DE VOLTA AO SOLO LUNAR: UMA TARDE ESPECIAL COM O TOURDELANAVE

Foto por Fernanda Gamarano

Estreia do nosso mais novo colaborador, Cadu “Turco” Pinheiro, trazendo um bate papo com dois integrantes do Tourdelanave, um dos nomes mais promissores da nova cena Underground do ABC. 

À época do lançamento de seu primeiro álbum, intitulado “Solo Lunar“, escrevi uma resenha sobre a banda dizendo que eles eram os filhos de um relacionamento entre Sade e Johnny Marr, uma vez que a banda mesclava o Indie das pistas Undergrounds dos anos 90 ao Swing dançante e Groovado, conduzidos pela bela e cativante voz de Natalia Zanellato.

Esqueci na data de dizer que esse filho passava as tardes brincando na casa do titio Giorgio Moroder pelas referências musicais a seus teclados cósmicos.

Hoje, dois anos após o lançamento do álbum, através do Monophono pude entrevistar Perito Perez e H.C Alves, baixista e batera respectivamente da banda, e bater um papo agradável sobre referências, shows, pandemia e futuro.

Foto por Fabiano Mendes

Monophono: Uma pergunta batida, mas que sempre faz parte do “protocolo”: Como foi a formação da banda até a concepção do disco?

Perito Perez: Depois do fim do Tropical Tornado (extinta banda do ABC) eu ainda tinha muitas composições nessa linha mais dançante que queria usar, então chamei o H.C. para tocar as baterias, e o Japa (Denilson Takeda) na guitarra pra fazermos bases e algumas gravações, mas mais na onda da brincadeira e experiência mesmo. Eu tinha comprado um teclado e o Japa desenrolou mais nele. As composições começaram a ficar mais “sólidas” e então convidei o Alan Toledo para as guitarras e a Naty com os quais já havia tocado anteriormente e assim nasceu o Tourdelanave.

Monophono: E aí com as músicas já feitas, foi partir para o estúdio. Como foi a gravação?

H.C. Alves: Foi bem tranquila. A produção contou com o Cassiano (Iré) e o Du – Edu Zambetti (Sapo Banjo, 93 Foundation, Slush Gods) que já conheciam bem tanto a banda quanto a gente, tudo rolou de forma bem rápida e fácil (na medida do possível) risos.

Monophono: E como foi (está sendo) a recepção do disco? Percebo que dentro do ABC vocês já tem uma base forte e sólida de fãs.

Perito Perez: Tem sido boa. É um pouco complicado de mensurar as coisas hoje, são “views” e “streaming” via YouTube e Spotify, diferente do tempo de vender Fita Demo e CD, mas sim, tem sido legal. Viajamos ao interior algumas vezes… Às vezes bons públicos, às vezes duas pessoas, mas sempre buscamos fazer o melhor show possível.


Monophono: Vocês têm um histórico de bandas de Hardcore e vêm de uma escola Punk Rock do ABC. De onde surgiu essa “verve” dançante?

H.C. Alves: Sim. Ainda que tenhamos tido início em produzir música na escola Punk, essa veia dançante vem meio que de nosso gene. Quando a Esquesito Somos nasceu (extinta banda de Skacore do ABC, onde H.C. era vocalista) ela tinha a ideia de ser um R.H.C.P, mas pela falta de habilidade dos músicos na época, caiu pro Hardcore, e ademais essa influência Dance vem desde o berço, com os discos de Michael Jackson, Sade e Antena 1 na rádio… Influências que estão no nosso sangue de maneira imperceptível.

Monophono: Vocês estavam vivendo um bom momento de divulgação e shows e aí Bum! Veio a Pandemia… Como e o quanto isso afetou a banda?

Perito Perez: Afetou muito, não só a banda como toda a cena. A nós afetou bastante na parte de composição para um novo disco ou single. Nossa forma de compor ainda é bem conjunta e os ensaios pararam, mas afetou principalmente as casas de shows como 74Club, Casamarela, Hotel Bar, essas casas que dão suporte ao Underground.




Monophono: Por falar em casas e Underground: Quais são suas previsões para a cena pós fim da Pandemia? Haverá um Bum! novo ou tudo volta como antes? A velha falta de incentivo ao independente?

H.C. Alves: Penso que no início haverá sim um Bum! Estamos a muito tempo confinados e assim que for possível, todo mundo vai querer sair e se encontrar com os amigos para curtir. Isso trará movimento às casas.

Perito Perez: Mas é complicado prever quanto tempo esse Bum! irá durar e se vai se solidificar. O público brasileiro ainda é muito arredio ao Underground, mas seguimos tocando por prazer, porque se fosse por fama e por grana seria difícil (risos).

Monophono: Para finalizar: O que podemos esperar de novo vindo da banda?

Perito Perez: O nosso desafio agora é criar novas músicas que mantenham a cara da banda, mas sempre inovando. Talvez a adição de mais um teclado ou de metais sejam vistas nas novas músicas e num segundo disco que certamente virá.


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