Semana pesada essa, mas não musicalmente, como seria de se esperar: mortes sequentes e repentinas de três artistas consagrados trouxeram um penoso manto de tristeza ao mundo do Rock/Metal. O Monophono, por meio desse texto, presta suas homenagens a cada um deles.
MIKE HOWE
Com seu timbre vocal rasgado porém pleno de técnica, o ex-Heretic Mike Howe não tinha tarefa fácil em mãos: manter o Metal Church em rumo ascendente após seus discos mais aclamados, o debut auto-intitulado, de 85, e “The Dark”, de 86, ambos gravados com a gigante voz de David Wayne. Os três primeiros registros com sua presença, “Blessing in Disguise” de 89, “The Human Factor” em 91 e “Hanging In The Balance” de 93, são tidos em alta conta pelos fãs, que receberam com incontido entusiasmo a notícia do retorno do cantor, na década passada – regresso esse que rendeu “XI”, em 2016, e “Damned If You Do”, de 2018. Encontrado asfixiado por enforcamento (o que confirma a suspeita de suicídio), “Howe” faleceu na segunda-feira, aos 55 anos – triste sina, a dos frontmen do MC: também seu predecessor Wayne, desde 2005, não se encontra mais entre nós.
Howe ao vivo:
JOEY JORDISON
Fundamental para o Slipknot de seu início até 2013, quando foi demitido de forma conturbada (e até hoje mal explicada), Joey Jordison é sem dúvida o melhor músico revelado pelo caldeirão Nu Metal que tomou o som pesado mundial de assalto na metade dos anos 90. Sobressair-se em um estilo tão pouco afeito a qualidade instrumental não foi difícil para esse baterista versado em técnica de dois bumbos e extremamente ágil nas viradas/conduções de ritmo, versátil a ponto de passear do Industrial (sideman do Ministry em sua turnê de 2006) ao Black Metal (giro norte-americano do Satyricon no mesmo ano), e artisticamente inquieto, mantenedor dos próprios projetos autorais (Murderdolls, Sinsaenum). Portador de uma condição neurológica chamada mielite transversa aguda, que o impedia de tocar satisfatoriamente seu instrumento já há algum tempo, Joey faleceu enquanto dormia, de segunda pra terça, aos 46 anos de idade.
Jordison decola durante seu solo:
DUSTY HILL
Uma das formações mais folclóricas do Rock’n’Roll (as barbas gigantes e os instrumentos giratórios são signos característicos e de imediata identificação), o ZZ Top tinha no baixista Dusty Hill o apoio Boogie ideal para que o eterno comparsa Billy Gibbons transformasse seus riffs e solos em autênticas festas Bluesy. Verdadeiros gêmeos musicais, a dupla, juntamente ao baterista Frank Beard, produziu, durante mais de 50 anos de estrada, o melhor Blues Rock que se tem notícia, chegando a beirar o megaestrelato mundial com o avassalador sucesso de “Eliminator” em 83, e suas mais de 10 milhões de cópias vendidas somente nos EUA graças a hits como “Legs”, “Sharp Dressed Man” e “Gimme All Your Lovin”. Dusty morreu quarta-feira dia 28 também durante o sono, aos 73 anos – e Gibbons já avisou que, atendendo a um pedido do próprio amigo, a banda não encerrará atividades.
ZZ Top no Rock’n’Roll Hall of Fame: