No longínquo ano de 2019, mais especificamente no mês de fevereiro, o Monophono acompanhou o cantor, compositor, guitarrista, e produtor brasileiro Fernando Catatau (Cidadão Instigado), que dava início à primeira temporada solo no Centro da Terra em São Paulo. Durante duas terças-feiras, (05 e 12/02), Catatau apresentou uma série de experimentos sonoros, servindo de embrião para o que viria a ser seu futuro trabalho autointitulado, lançado em 2022.
No mês de outubro passado, Catatau retornou ao Centro da Terra, para uma série de 4 shows (intítuladas de #Frita) com curadoria de Alexandre Matias (editor e criador desde 1995 do site Trabalho Sujo) que ocorreram às segundas-feiras (dias 10, 17, 24 e 31) e em cada data, recebeu participações muito especiais (Kiko Dinucci, Juçara Marçal, Anna Vis, Yma e Edson Van Gogh), tornando todas essas apresentações únicas. No dia 17/10, saimos de São Bernardo do Campo rumo ao Centro da Terra para conferir o segundo ato solo de Catatau, dessa vez mais complexo e amadurecido em relação à 2019. Na ocasião (Frita #2), Fernando Catatau convidou Juçara Marçal (Metá Metá), assim como ele, um dos maiores e mais importantes nomes da música brasileira atual.
Um misto de alegria e incertezas marcaram aquela noite, em meio ao caos que o país ainda vive, mas o tão aguardado encontro fez o coração aquecer já nos primeiros acordes. Fernando Catatau e Juçara Marçal anunciaram ali uma parceria que rendera até então duas músicas inéditas, que foram apresentadas e recebidas com grande furor durante o show: “Sangue no Chão“ e O Grande Vazio“. Também fizeram parte da apresentação músicas do disco solo de Catatau e também do trabalho solo de Juçara Marçal. Vale lembrar que a parceria entre os dois já vem de antes e rendeu uma das canções escritas por Catatau presente no último álbum de Juçara Marçal, “Delta Estácio Blues“. A interpretação do trio para a faixa “Lembranças que Guardei“, foi um dos pontos mais altos do show e foi executada também no tão esperado BIS ao final da apresentação. Uma das grandes surpresas da noite, ao menos para este editor, foi a participação do jovem talentoso Mateus Fazeno Rock (vale muito a pena pesquisar e conhecer o seu trabalho), conterrâneo de Catatau, que logo em sua entrada desferiu um monólogo poderoso e arrepiante, enquanto Catatau e Juçara pilotavam sua guitarra e sintetizadores respectivamente.
Fernando Catatau optou por fechar o show com uma espécie de luau. De forma mais intimista ainda, o trio se direcionou à frente do público, e sentados, interpretaram o primeiro single de seu disco solo, “Nada Acontece“, fechando primorosamente a segunda edição da temporada de 2022 no sensacional teatro do Espaço Cultural Centro da Terra.
O Monophono bateu um papo rápido com Fernando Catatau sobre a parceria de músicas inéditas com Juçara Marçal, pois ficamos curiosos e ansiosos sobre um possível novo full álbum da dupla:
“Pra gente foi muito especial. O encontro, a possibilidade de criar coisas juntos. Eu tenho trocado bastante com a Juçara. No show foram duas novas em parceria. “Sangue no Chão“ e “O Grande Vazio“. A gente tá compondo e não sabemos ainda no que vai dar. Ja temos 3 composições e mais uma no meio do caminho. Acho que a temporada tá servindo pra isso. To compondo com todo mundo. E todas as pessoas que convidei foram pessoas que eu ja vinha conversando de criar coisas novas.”
A apresentação de Frita #2, o tocante encontro entre Fernando Catatau, Juçara Marçal e Mateus Fazeno Rock pode ser conferido na íntegra, através da lente de Alexandre Matias logo abaixo: