O NOVO ROCK SUECO, PARTE 10: GAUPA, FIREBREATHER E DEAD LORD

Gaupa

Retomar a coluna sobre o Rock Sueco é uma grande satisfação! E, se a filosofia diz que o universo é indiferente à nossa existência, os músicos desse povo nórdico também o são: quer você acompanhe de perto quer não, as bandas do país continuarão a proliferar feito coelhos, a gravar com constância assustadora e a produzir material que faz corar de vergonha e inferioridade qualquer outra nação existente (mesmo as artisticamente mais avançadas). Ao resto do mundo, a única alternativa possível é aceitar – e, se o orgulho ferido permitir, regozijar-se com a qualidade sem par de praticamente tudo o que vem de lá. Assim, recolhidos à nossa insignificância, vamos a mais três recomendações supimpas.

GAUPA

Cidade integrante da província de Dalarna, na região central da Suécia, Falun é predominantemente industrial, e conhecida por duas características um tanto quanto exóticas: o tom da tinta vermelha criada na cidade (utilizada com frequência em casas país afora), e seu salsichão (!), feito com carne bovina. O Gaupa também aparece entre os bons destaques do local, pois pratica um som que mistura Grunge, Shoegaze moderno (que muitos chamam de “Post-Rock”), neo-psicodelia e uma cantora, Emma Näslund, que é comparada a todo momento com a Bjork. O quinteto já tinha dois full lenghts no currículo ao estrear pela Nuclear Blast em 2022 com o interessantíssimo “Myriad”, cujo nome escancara ser essa mesma sua intenção: contrabalançar várias vertentes em um resultado único. E a capa é, obviamente, em tons vermelhos – será esta a “famosa” cor da terra natal da banda? Arriscaria que sim…

“Myriad” na íntegra:

FIREBREATHER

Firebreather

Power trio proveniente da fértil Gotemburgo, o Firebreather teve a estreia auto-intitulada editada em 2017 pelo selo local Suicide Records; depois o grupo ainda lançou outros dois full lenghts, desta vez pela gravadora californiana RidingEasy (“Under a Blood Moon”, de 2019, e “Dwell In The Fog”, em 2022). Já possuem uma carreira de vulto, portanto – e por merecimento deveriam alçar voos muito mais ambiciosos, já que seu Stoner com caudalosas doses de Doom Metal / Sludge é por demais competente para ficar restrito a shows com 10 gatos pingados em sua cidade natal.



Junte a densidade atonal do Sleep, levadas à moda de um Acid King, dissonâncias próximas ao Iron Monkey e vocais estilo “buldogue afônico”, para daí surgirem pérolas como “We Bleed” e “Sorrow” – dentro do que se propõe, é banda que corre cabeça a cabeça com os manda-chuvas do rock lento.



DEAD LORD

Dead Lord


Estocolmo
, essa terra abençoada, expele bandas pelos sulcos dos azulejos, ao que aparenta – e o Dead Lord chamou a atenção da Century Media graças inicialmente a aquilo que vivemos apontando como a obsessão maior do moderno rockeiro sueco: Thin Lizzy. E, se for ver, esse quarteto da capital leva tudo às raias do tributo mesmo, pois tanto o visual quanto o próprio nome do grupo (o tal “Dead Lord” só pode ser o Phil Lynnot em pessoa) remetem aos decanos irlandeses. Porém, se a referência é incontornável, o grupo também mostra que sabe respirar para além disso: temas pegajosos, energéticos e sempre melódicos, com duetos de guitarra magnificamente timbrados e um frontman, o vocalista/guitarrista Hakim Krim, com personalidade de sobra para não ser eclipsado por sua musa maior. São quatro os discos completos dos manos – o mais recente, “Surrender”, é de 2020. 



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